De realização relativamente simples, a técnica de ultrassom cardíaco focado vem ganhando espaço por sua praticidade e rapidez no monitoramento de pacientes graves submetidos a procedimentos cirúrgicos. “É um exame de caráter qualitativo, que ajuda a responder a perguntas simples: o coração está cheio ou vazio, está batendo bem ou não. A ideia é ser bem rápido para responder a questões mais críticas para orientar o anestesiologista a mudar ou não o manejo do paciente”, explica o Dr. Fábio Papa, diretor de relações internacionais da SAESP, especialista no assunto.
Segundo ele, o ultrassom cardíaco focado é diferente do exame formal realizado por um ecocardiografista. Mas quando o anestesiologista domina a técnica, pode obter informações importantes para orientar sua conduta.
De acordo com a literatura médica, os principais motivos que levam a quadros de instabilidade hemodinâmica no período perioperatório são falência miocárdica, choque de origem distributiva que pode indicar sepse ou inflamação/infecção, tamponamento cardíaco e hipoxia inesperada.
Programas e treinamentos
Apesar das diferentes janelas para sua realização, no ultrassom cardíaco focado utilizam-se prioritariamente duas incidências: a paraesternal de eixo curto ou longo e subxifóide. Segundo Dr. Fábio, no paciente anestesiado, o que pode limitar, de acordo com o procedimento que está sendo realizado, é a exposição do tórax para fazer o exame, podendo haver maior dificuldade. Mas a literatura aponta que, na maioria dos casos, uma só janela pode ser suficiente para a avaliação.
No Brasil, ainda não existem programas e currículos formais de treinamento, mas já há discussões para incluir essa modalidade diagnóstica no programa da residência de Anestesiologia. Apesar de não haver um número mínimo de exames após o qual o anestesiologista se torna proficiente, os currículos de treinamento são baseados em torno de 50 exames realizados e interpretados. Depois disso, o anestesiologista pode ser considerado hábil para a realização do exame e tomada de decisão.

Quer saber mais sobre este assunto? Ouça o podcast em que o Dr. Guilherme Barros conversa com Dr. Fábio Papa sobre o tema. https://open.spotify.com/episode/0LMDTwCX2fcw4ZvAgTS3nC